Escritos de Rafael Perfeito

sexta-feira, 20 de junho de 2014

terça-feira, 3 de junho de 2014

Complexo



Para desenvolver-se
Há que
 

Dese              lvar-
 n        u
 (  V  )
 

  se.


terça-feira, 27 de maio de 2014

Guerra dos Sexos

Você me disse uma vez:
"Teus olhos são míopes
À arte abstrata".
Respondi: "Desfaçatez!
Tu é que não vais ao cerne
Do que se trata".

Não adianta, amor.
Aparar diferença tão concreta
É erro crasso.
Inútil.

Por que não unimos logo
Minha linha reta
A seus traços
Glúteos?


sexta-feira, 16 de maio de 2014

Amar (do Antunes)


É ver pra crer
É crer pra ver
É vero.
É ser pra ter
É ter pra ser
É terno.


quinta-feira, 8 de maio de 2014

Turbulência


Turbulência!
Caem as máscaras,
A fivela da fidelidade
Apertou-me os bagos outra vez.
Trago em meu bolso cigarros que nunca fumar poderei.
Me enfumaço em sua desconfiança.

Arremeta, querida, arremeta!
Largue de ser besta!

Faça de seu ciúme pura brisa.
Pois em meu peito
O amor nunca despressuriza!


quarta-feira, 16 de abril de 2014

Fiu - Fiu

Você anda sobre duas patas. Ereto em sua coluna deformada por mochilas pesadas na infância, quando frequentou colégios caros.
Conhece a História, noções de engenharia.
Recebe notícias de possíveis guerras químicas na Síria.
Sabe que a Rússia deseja a Crimeia para ter acesso ao mar morto.
Lê jornal e faz cara de paisagem no aeroporto. Desliga o celular ao entrar no avião.
Voa, sendo muito mais pesado que o ar.
Atravessa oceanos em poucas horas.
Fuma um charuto que julga cubano, mas cuja existência se deve a algum escravo no Haiti.
Conhece a Revolução Francesa e se acha um cara de esquerda moderada.
Quase no centro do universo.
No topo da evolução da natureza.
Caga em reservatórios que levam toda a sua merda para bem longe de você.
Lava a sua bunda com sabonete bactericida, sentadinho no bidê.

E ainda não sabe tratar uma mulher.


domingo, 20 de outubro de 2013

Quando encontrei com o Nelsão





Tive duas experiências com o grande malandro e sempre genial Nelson Piquet:

PIQUET 1 (1998):

Estava eu respondendo a uma prova para tirar minha carteira de motorista, sozinho numa clínica da w3 sul, quando uma moça abre uma porta e Nelson Piquet adentra o recinto. Ele me vê. Olha para a moça:

_ Vem cá, EU preciso fazer esse teste? - Ela confirmou com alguma resposta burocrática.

Piquet sentou-se a umas 3 cadeiras de mim. Não me contive:

_ Você tirando carteira?
_ Brevê de helicóptero. (Continuou com a cabeça enterrada na prova, sem a mínima vontade de me dar atenção).

Alguns minutos depois eu insisti na tentativa:

_ Sabe... cresci com todos adorando o Senna. Eu não. Sempre preferi você. Nunca fui com a cara do Senna!

Ele não tirou o olhar da prova... alguns segundos se passaram. Finalmente seu olhar encontrou o meu. E nele havia uma expressão de enfado absoluto:

_ Eu também não.

Foi isso.

PIQUET 2 (2003):

Alguns dias após eu mostrar para meu filho, que então devia ter uns 7 anos, a incrível ultrapassagem realizada pelo Piquet em cima do Senna (para Jackie Stewart a manobra foi como "fazer um looping num boeing 747"), vejo o Piquet no Park Shopping, patinando no gelo com a mulher e uma penca de crianças.

_ LÉO! LÉO!!!! Vem cá!!!! VEM CÁ!
_ Que foi, pai?
_ Lembra aquela ultrapassagem que te mostrei?? Olha lá!!! Aquele cara ali!!! Aquele cara ali que fez aquela ultrapassagem!
_ Sério?
_ É, vai lá falar com ele!!! É o Piquet!!!

E o Léo foi. Eu observando de longe. Meu garoto chega, fala com o tri campeão. Recebe muita atenção, uns tapinhas no cocuruto. Vejo o Piquet sorrindo e bem humorado. Não sei bem o por quê mas achei aquilo tudo meio estranho. Meu filho volta:

_ E aí??? E AÍ???? O que ele disse?
_ Ah... ele é legal.
_ Sim, mas o QUE ELE DISSE?
_ Ah, pai. Ele disse que não é o Piquet não. O nome dele é Antônio!