Há mais ou menos um mês, entrei com o carro na garagem e ela estava lá, saco de pão na mão, no meio do caminho, entre o elevador e a vaga do 701. Estática. Olhando pro carro... que não mais existia.
Tirei as compras do porta malas e a senhora, perfeito penteado grisalho, olhando pro nada, no meio do caminho... que não existia.
Passei por perto e o elevador chegou. Ela, imperturbável, não mexera nem o sobrolho, olhando pro nada... que era tudo que via.
No térreo o porteiro, boleto do condomínio na mão: “Rafael, tá sabendo? O Sr. Djalma teve um ataque cardíaco ontem à noite!”.
Hoje, dia ensolarado, passei de bicicleta por ela. Falava sozinha. Em seu caminho não havia árvores, não havia sombras, não havia nada.
Só um sorriso protocolado, amarelo... e um saco de pão.
Nossa... Que triste. :c
ResponderExcluirVc devia escrever mais.
ResponderExcluirA solidão, meu caro!
ResponderExcluirO mal do século que, com a ajuda dos PSP's, fones de ouvido e todo tipo de tecnologia "isolacionista", nos torna cada vez mais um único mundo dentro do Mundo.
Lud
não chorei, mas quase, Perfeito!
ResponderExcluirbeijo meu, te cuida sempre!
Que profundo..
ResponderExcluir